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Cobrar e Receber

Cobrar no Brasil é fácil, pois não faltam inadimplentes. Receber é que é difícil.  O Brasil e os brasileiros vivem um momento econômico de estagnação. Sem crescimento da economia, aumenta o contingente de desempregados e de endividados. É sobre estes últimos que pretendo falar. Em abril de 2019, as estatísticas apontam para 62,6  milhões de inadimplentes no país. Várias são as causas do endividamento como veremos a seguir.

NOME EMPRESTADO

O empréstimo do nome representa aproximadamente 24% dos inadimplentes no país. O empréstimo de nome é uma das principais causas da inadimplência no país. Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que, entre os brasileiros que limparam o nome nos últimos 12 meses, 24% haviam entrado para a lista de inadimplentes porque emprestaram o próprio nome a terceiros. Mais da metade (51%) dessas pessoas emprestaram o nome com a intenção de ajudar quem fez o pedido, enquanto 16% ficaram com vergonha de dizer não.

De acordo com a pesquisa, a proximidade é algo que acaba facilitando esse tipo de abordagem. Em 27% dos casos o pedido de nome emprestado partiu de amigos. Em seguida aparecem os pais (14%), filhos (14%) e cônjuges (13%). Os colegas de trabalho ficaram em quarto lugar na lista, com 12% de citações. (CNDL/SPC)

DESEMPREGO

O desemprego aparece também como uma das  principais causas para que as pessoas não possam pagar suas dívidas. Temos hoje no Brasil um contingente de 14 milhões de desempregados, o que representa 22,3% do total de inadimplentes. Mas como se observa, ainda sobra 48,6 milhões de devedores que não aparecem neste rol de pessoas  sem trabalho.

IMPREVISTOS

Os imprevistos como acidentes, doenças, desemprego, dentre outros, também constituem uma das principais causas das pessoas não pagarem suas dívidas. Isso ocorre principalmente devido à cultura dos brasileiros de não fazerem poupança e também  aos juros muito elevados para a obtenção de financiamento para esses imprevistos.

Os juros elevados e a recente política de expansão de crédito promovida pelo governo, aliados à falta de planejamento financeiro, também contribuíram grandemente para chegarmos a esse nível de endividamento.

COBRAR E RECEBER

O desafio de cobrar e receber nesse cenário é grande. Cobrar judicialmente demora muito e custa caro e nem sempre dá resultados positivos. Mas por vezes é a única alternativa possível. A cobrança extrajudicial deve quase sempre preceder qualquer ato de judicialização por parte do credor. Negociar é a palavra mágica para receber. Poucas pessoas são caloteiros contumazes ou profissionais e para estas somente a via judicial poderá resolver. Para caloteiros profissionais  tem que se ter o cuidado de não oferecer crédito. Para os acidentalmente endividados, temos que oferecer uma solução possível.  Se for oferecida ao devedor uma condição que ele possa pagar sua dívida, dificilmente será recusada. Então, com muita paciência e visão do problema, o devedor volta ao mercado e o credor recebe seu crédito.