GTM-MWJRBN6G O Advogado - Godinho Advogados

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O Advogado

Exerço a advocacia na área empresarial há mais de 20 anos. Digo isso porque lendo um livro sobre a história do gigante da tecnologia, o Google, deparei-me com uma afirmação de seu CEO, de que o Google busca pessoas competentes tecnicamente e com tino para os negócios. Lembrei de como o advogado era quando comecei na advocacia. Exatamente isso. Competente tecnicamente e com tino para os negócios.

Observo que com o surgimento dos escritórios essas duas qualidades se dissociaram e hoje encontramos os advogados competentes tecnicamente e os com tino para os negócios, mas dificilmente os dois no mesmo profissional.

Advogados muito competentes tecnicamente, bem preparados, passam o dia peticionando, despachando com magistrados, participando de audiências e sequer perguntam de onde vem o dinheiro para pagar seus honorários. Por consequência, não enxergam o seu negócio e nem o negócio dos clientes e têm grande dificuldade em auxiliar os clientes a obterem seus
objetivos. Em geral recebem baixas remunerações e acabam desistindo da advocacia e migrando para o serviço público. É um cargo de passagem.

Por seu turno, o advogado que tem tino de negócios e vontade de atuar na área de clientes, raramente vai a um fórum ou faz uma petição. Passa todo o seu tempo estudando oportunidades que possam beneficiar os negócios de seus clientes e em trabalho consultivo, levam as alternativas ao conhecimento deles. Com riqueza de detalhes, avaliação dos resultados esperados e dos riscos envolvidos. Obtém bons contratos e em geral ganha muito dinheiro.

A evolução dos escritórios, alguns hoje verdadeiros gigantes organizacionais, não raro ultrapassando 1.000 empregados, trouxe ainda uma terceira categoria de advogados: o advogado administrativo.
Ocupam cargos de direção, de gerência ou de supervisão. São bons tecnicamente, mas não possuem o preparo dos primeiros aqui citados. Têm tino para os negócios, mas também não tão apurado quanto dos advogados de negócios. Possuem ainda habilidades para planejar, organizar, coordenar processos e pessoas e controlar sistemas complexos. Grandes escritórios tornaram-se grandes corporações e necessitam de administração profissional e no estilo empresarial.

O cliente por sua vez, que não enxerga claramente isso e se enxerga normalmente não compreende, continua esperando que “seu advogado” entenda seu problema, conheça razoavelmente os meandros de seu negócio para que possa verdadeiramente auxiliá-lo a atingir seus objetivos empresariais.  Não compreende bem ainda que seu antigo parceiro, com profundo conhecimento da lei, entendedor de seu negócio, hábil nas estratégias e nas negociações, já não é mais um. São no mínimo três. Os escritórios por seu turno têm grande dificuldade em atender ao cliente, na sua busca por seus objetivos e essa dificuldade é relatada pela quase totalidade dos executivos das empresas. O grande desafio atual para a advocacia é resgatar do passado, com os meios e com as estruturas modernas, o antigo parceiro de negócios de confiança de seus clientes.