GTM-MWJRBN6G

Trabalhar remoto, longe do escritório ou mesmo da sua casa, é mais produtivo do que fazer home office. A conclusão é de uma pesquisa recente realizada pelos professores Prithwiraj (Raj) Choudhury e Cirrus Foroughi, da Harvard Business School, em parceria com Barbara Larson, da Northeastern University. Os pesquisadores buscaram medir o impacto na produtividade quando elimina-se totalmente a exigência ou existência de um local fixo para trabalhar. Particularmente, eles queriam mensurar se a flexibilidade geográfica leva as pessoas a produzirem mais do que se estivessem trabalhando de casa.

Escolheram uma amostra que inclui profissionais que trabalham diretamente com o registro de patentes e novas marcas nos Estados Unidos. A escolha parece inusitada, mas tem dois motivos principais. O trabalho dos técnicos em patentes não exige presença física e a agência para qual trabalham, a U.S. Patent & Trade Office, implementou e regulou com sindicatos e governos o trabalho em casa (WFH, na sigla em inglês) e, desde 2012, o substituiu por um programa de trabalho de qualquer lugar (WFA, na sigla em inglês). Ou seja: era possível medir a produtividade de pessoas que experimentaram o trabalho no regime home office e, depois, puderam escolher onde trabalhar.

Os resultados indicaram um aumento de 4,4% no trabalho entregue após os técnicos passarem a trabalhar do lugar que desejassem. A maior produtividade não veio acompanhada de um maior índice de trabalhos refeitos – decisões de patentes que precisam ser revistas mediante apelações de inventores – bem como da piora da qualidade do trabalho. Segundo os pesquisadores, esse aumento de produtividade é significativo. Colocando em números: US$ 1,3 bilhão adicionados à economia americana por ano, com base na atividade econômica média gerada por cada nova patente concedida.

Muitos funcionários também aproveitaram o programa de WFA para mudar para lugares que possuem menor custo de vida, o que representou um aumento significativo de renda para eles, sem que a empresa precisasse conceder salários maiores. Outro dado interessante foi examinar a produtividade de funcionários que escolheram estar localizados próximos uns dos outros. Segundo os pesquisadores, a produtividade aumentava ainda mais se os técnicos, de uma mesma área, estivessem em um raio de até 40 quilômetros.

Caso trabalhassem em áreas diferentes, a produtividade entre dois colegas não aumentava somente em função da proximidade geográfica. “Essa informação sugere que funcionários com trabalhos da mesma área e que estão localizados próximos podem se beneficiar informalmente uns dos outros – uma interação similar à que temos entre pessoas que estão no mesmo escritório”. Um programa de WFA deveria levar em consideração esse fator para auxiliar os funcionários a se organizarem de tal forma que possam se beneficiar do contato e da interação entre si, inclusive a presencial se for o caso, segundo os pesquisadores.

Há um número crescente de empresas implementando políticas de home office ou programas mais flexíveis, inclusive aqueles que permitem às pessoas trabalharem de qualquer lugar. Nos Estados Unidos, uma pesquisa da Gallup mostrou que essas políticas ou a possibilidade de trabalhar fora de um escritório já é um fator decisivo na hora de as pessoas decidirem aceitar ou largar um emprego.

Não à toa, grandes empresas como Dell, Amazon e American Express estão investindo em amplos programas de trabalho remoto, como mostra levantamento de junho do Glassdoor . No Brasil, a tendência começa a ser vista no home office – o número de empresas que o oferecerem aos funcionários aumentou de 19% em 2017 para 21%, segundo Pesquisa de Benefícios Aon 2018-2019, que analisou 640 empresas e 2,3 milhões de funcionários.

Fonte: Valor Econômico, por Barbara Bigarelli, 19.08.2019

×

Olá!

Clique abaixo para falar com nosso atendimento via WhatsApp.

×